Presença da PM cria tensão em ocupação irregular no Tarumã
A área foi ocupada há cerca de um mês e abriga, de acordo com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas), cerca de 1,2 mil famílias.
Manaus - A presença de policiais militares em um dos ramais que dá acesso uma ocupação irregular no bairro do Tarumã, na Zona Norte de Manaus, criou um clima de tensão na manhã desta sexta-feira (20) entre os ocupantes, que acreditavam que a polícia iria invadir o local para removê-los. A área foi ocupada há cerca de um mês e abriga, de acordo com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas), cerca de 1,2 mil famílias.
De acordo com a Semmas, a presença da PM no ramal que dá acesso ao local, batizado de comunidade José Alencar, era para evitar o acesso de materiais que pudessem ser usados para a construção de barracos., como madeira e instrumentos de limpeza de terreno, como facões e enxadas. Durante o período em que estão no local, ainda de acordo com a Semmas, os ocupantes desmataram o local e fizeram queimadas.
Além das viaturas da Ronda Ostensiva Cândido Mariano (Rocam), o Batalhão de Choque chegou a ser acionado, assim como o Batalhão Ambiental. O helicóptero da PM fez diversos sobrevoos sobre o local, o que aumento o clima de tensão entre os ocupantes. Apesar da intensa movimentação, o major Ronaldo Brito, da Rocam, disse que os ocupantes não seriam removidos. "A polícia militar está no local para garantir a ordem", disse.
Área restrita
Apesar da não recomendação da Polícia e da Semmas para que a imprensa não se aproximasse da área, já que muitos dos ocupantes já estavam armados de facões e, de acordo com a Semmas, até de espingardas, a reportagem do Portal D24am foi até o espaço onde as 1,2 mil famílias estão assentadas, assim como outros veículos de comunicação.
A área está ocupada por jovens, adultos, mulheres, crianças e idosos. Alguns deles se identificaram como líderes de movimentos por terras e moradias populares. É o caso de Agnaldo Pereira Gonçalves, que se apresentou como membro integrante da União Estadual por Moradia.
De acordo com ele, o local está sendo ocupado por pessoas que não têm onde morar. Ele chegou a afirmar que todos estavam dispostos a lutar contra a polícia caso houvesse tentativa de retirada. "Nós somos trabalhadores em busca de moradia, aqui não há bandidos. Se a polícia entrar aqui, nós vamos nos defender", afirmou.
Armados de facões
Era possível observar, entre os ocupantes, que haviam muitos facões e terçados e que estes poderiam ser usados, de acordo com os próprios ocupantes, contra a polícia. A todo instante, o helicóptero da PM sobrevoava o local, revelado homens fortemente armados e com as armas apontadas para o grupo. Em nenhum momento, porém, houve conflito direto.
A polícia também não confirmou a informação dada pela Semmas de que haviam armas de fogo no local. "Até o momento, não temos informações de que os ocupantes tenham armas de fogo", disse o major Ronaldo Brito.
Acordo
O clima de tensão só amenizou quando, acompanhado de soldados da tropa de choque, o major Ronaldo Brito e representantes da Semmas se aproximaram para conversar com as lideranças. Ficou acertado que a movimentação de pessoas entre o terreno ocupado e o ramal, bem como para as áreas exteriores, seria permitido. Apenas seria impedido o acesso de materiais.
A polícia ambiental permanece no local e deve ficar monitorando o espaço, bem como a Semmas, durante todo o fim de semana. De acordo com a Semmas, o local é uma Área de Proteção Ambiental (APA) o que, pela legislação, impede sua ocupação.
Protesto por moradias
Os ocupantes da comunidade José Alencar são os mesmos que estiveram em protesto contra a Caixa Econômica Federal nesta quinta-feira (19), na Rua Ramos Ferreira, Centro. Na ocasião, cerca de 200 pessoas pediram moradias. De acordo com os ocupantes, a maioria não tem casa própria, vive de favor nas casas de amigos e parentes, e vem de áreas que sofreram alagamentos. FONTE: D24AM.
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